sexta-feira, 13 de março de 2015

Esse tal de "reteté"

Quem inventou esse tal de "reteté"? Seja lá quem lançou isso no meio pentecostal, "reteté" virou moda, estilo musical, estilo de pregação e por aí vai. Sinceramente, respeito todas as manifestações religiosas no meio pentecostal. Mas também é preciso ver as coisas com o olhar do bom entendimento. 
O tal do "reteté", em muitos cultos de algumas igrejas que se dizem pentecostais, é uma mistura de arrasta-pé, golpes de karate e umas gritarias esquisitas. O grande problema não está nas manifestações corpóreas e vocais em si, mas no sentido, na finalidade . Qual a razão de tudo isso? 
Tem gente que entra no "reteté" com uma "cara lavada"... você percebe que a coisa é forçada, interpretada, encenada. Qual o propósito relevante dessas experiências? Que fundamento há? Já ouvi um defensor do reteté recorrer ao texto paulino que afirma que "Deus escolheu as coisas loucas desse mundo para confundir as sábias". Já ouvi dizer também que Davi entrou no "reteté" na ocasião do retorno da Arca da Aliança para Jerusalém. Os de espírito mais humorístico dizem que Jesus era do "reteté". Afirmam que o "reteté" é alegria no e do Espírito, é o explodir da glória de Deus, é o transbordar da unção, capaz de levar a pessoa a perder o domínio do próprio corpo. Os praticantes do reteté alegam que as expressões são involuntárias e imprevisíveis, ou seja, não é a pessoa, mas o Espírito de Deus que dela se apodera, conduzindo-a aos movimentos e manifestações.
Longe de mim ser grosseiro com a fé de alguém. O que desejo não é agressão, muito menos escárnio, mas sim, reflexão. Observo, não raras vezes, pregadores e cantores que praticam o reteté como apelo emocional. Conta-se que um jovem pregador, antes de pregar, cochichava para um de seus amigos: “quer ver como coloco fogo nesse culto?”. Pregava meia dúzia de palavras, fechava a Bíblia, tirava o paletó e soltava um carrilhão de “línguas estranhas” e “profecias” e desferia uma série de socos e chutes no ar. E a galera ia à loucura! O mais importante esse jovem negligenciava nas suas pregações: a exposição da Palavra que cura, salva e transforma. 
Tem muita gente cheia de “reteté” e sem fé, sem amor, que não gosta de ler a Bíblia. Acredito que quando o Espírito nos controla um novo coração é implantado em nós.O problema é que o reteté se tornou uma cultura tão forte em algumas igrejas, que a maioria das músicas evangélicas, no estilo pentecostal, são feitas no ritmo que proporcione um clima propício para que as pessoas entrem no “reteté”. Surgiram grupos musicais que cantam um forró gospel pentecostal, ideal para ser tocado nos cultos e vigílias, cujo interesse é apenas o de levar todo mundo a se “descabelar” no “reteté”, ao invés de se buscar mais comunhão com Deus em oração e adoração. Tem pregador que, ao concluir a mensagem, pede para que alguém cante uma “música de poder” ou de “fogo” para que o povo entre no reteté. Isso virou moda gente! Em muitos eventos “pentecostais” se o pregador e o cantor não fizerem o reteté, o povo sai falando mal, dizendo que o sujeito não tem unção. Um dia eu convidei um jovem pastor para pregar em um congresso de adolescentes na minha igreja. Alguém me perguntou: “esse pregador é do reteté?” Gentilmente respondi: “se ele é do reteté, isso não sei; o que sei é que ele é um pregador, e é isso que nós precisamos em nosso congresso – alguém que pregue a Palavra”.
Tem gente que pratica o reteté sem saber o porquê e o pra quê. “As coisas de Deus não se explicam”, afirmam alguns. É preciso pedir-se desculpas à irmã Hermenêutica e ao irmão Bom Senso, infelizmente tão desprezados por alguns crentes. É preciso que se leia mais os ensinos de Paulo aos irmãos coríntios. É preciso um resgate da espiritualidade genuína.

Um comentário:

  1. Parabéns Pastor Jonathas.
    O verdadeiro avivamento é resultado do Estudo da Palavra de Deus. O resto é apenas fogo de palha. Infelizmente o povo erra por falta de conhecimento.
    Que Deus continue te usando para ser um instrumento em prol do Reino de Deus!

    ResponderExcluir

Caro leitor,

(1)Reservo o direito de não públicar criticas negativas de "anônimos". Quer criticar e ter a sua opinião publicada? Identifique-se. (2) Discordar não é problema. É solução, pois redunda em aprendizado! Contudo, com educação. Sem palavrão!